O que é Last Mile e qual seu impacto na operação logística

Last mile na logística
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A logística de transporte se divide basicamente em três partes: a first mile, a middle mile e a last mile.

Nesse artigo conheceremos todas, mas daremos uma atenção especial à last mile (última milha), a que mais impacta na experiência de compra do cliente e é responsável pelos maiores custos de entrega.

Continue lendo para entender o que é a last mile e como podemos otimizá-la em nosso negócio.


1 → As 3 fases da logística 

First Mile 

A first mile (traduzido como primeira milha) é a primeira das etapas de transporte pelas quais um produto passa até chegar nas suas mãos.

É quando o produto sai do seu ponto de origem e é levado até um centro de distribuição para de lá ser distribuído para outras unidades.

Aqui, um cuidado especial no setor de embalagens e carregamento deve sempre ser tomado para evitar qualquer dano ao produto antes de chegar ao consumidor.

No e-commerce, o rastreamento dos itens costuma ser feito pelos fabricantes, assim como a escolha da frota.

O grande desafio que essa primeira etapa enfrenta é tentar constantemente modernizar seus processos, já que diversos deles ainda são feitos de forma manual.

Middle Mile 

Nessa etapa, o transporte das mercadorias é feito por vias marítimas, aéreas ou rodoviárias entre os armazéns ou de centros de distribuição para varejistas e outros pontos de venda.

O curioso dessa etapa é que diferente da primeira e da próxima que veremos, ela não é necessariamente obrigatória, podendo ou não existir.

Nos casos em que ela é aplicada, a middle mile cobre processos que não são envolvidos pela primeira ou última milha, como uma organização do setor de compras e a comunicação entre os centros de distribuição.

Last Mile 

A última etapa logística que precede a chegada do produto nas mãos do cliente final: a última milha.

A Last Mile é, como alguns dizem, a parte visível de todo esse processo de entrega, já que aqui o cliente já consegue saber sobre o paradeiro do seu produto antes que ele chegue (exemplo dos códigos de rastreio do correio ou de transportadoras).

Também é na last mile que recai os maiores custos de todo o processo de remessas, por envolver diversos fatores que influenciam no processo, como: roteirização, volume de entregas, gerenciamento de frotas, prazos de entrega para cumprir, condições das estradas (no caso, no modal rodoviário), entre vários outros.

Com os dados levantados pela Business Insider, 53% dos custos totais de envio ocorrem na last mile.

2 → Impacto na operação logística

Redução de custos 

Como já mencionamos, a etapa mais cara do processo de transporte está na last mile.

No entanto, se um bom planejamento e o uso dos recursos adequados forem feitos, a last mile se transforma em um redutor de custos, deixando de ser a parte mais cara.

O segredo aqui é investir na integração dos dados e processos, além de um controle total.

Também ajuda bastante nessa parte a adoção de um roteirizador de entregas.

Com o roteirizador é possível obter uma precisão maior quanto aos gastos, pois ele cruza dados coletados sobre a frota e sobre a rotina de entregas, mostrando gargalos na operação e se é viável ou não, adquirir ou abrir mão de determinados veículos.

Nesse artigo sobre logística de transporte falamos mais sobre ele e outros meios de otimizar essa parte da logística.

Eficiência operacional 

Se a last mile é literalmente a última etapa de entrega ao cliente, é óbvio que um erro aqui pode colocar muita coisa a perder.

Com a pandemia, a exigência dos clientes alcançou novos patamares e as empresas precisam se reinventar todos os dias para entregar a eficiência que se espera delas.

É comum aqui no Brasil fazerem divisões de rota de última milha por faixas de CEP, um processo já considerado ultrapassado onde em épocas de pico, nota-se claramente sua ineficiência.

Não é incomum com esse modo de operar, que o entregador seja surpreendido com muito mais entregas do que seu veículo suporta, já que a cubagem e a roteirização só se baseia nos CEP’s, correndo, inclusive, o risco de mais de um entregador baterem no mesmo CEP.

Como dissemos anteriormente, o simples uso de um roteirizador elimina essas questões que já dão dor de cabeça há duas décadas.

Um exemplo de eficiência nessa etapa é a Amazon que utiliza um sistema de roteirização próprio que leva em consideração coisas como: cubagem, distância total da rota percorrida, tempo de duração máximo da rota, entre vários outros, para traçar uma rota que seja ideal para os parâmetros que você definiu no sistema.

Boa parte disso se dá pela machine learning e a inteligência artificial, pois não é incomum que um motorista de entrega precise utilizar uma rota diferente da traçada, por conhecer a região.

Quando isso ocorre, o próprio sistema aprende com essa nova informação recebida e passa a utilizá-la com eficiência.

Satisfação de clientes

Como falamos mais acima, a pandemia foi responsável por elevar e muito o padrão de exigência do consumidor.

Não apenas isso, mas a própria tecnologia acostumou o cliente a ser atendido com eficiência e como qualquer ser humano, depois de se acostumar com um padrão elevado de serviço oferecido, ninguém quer regredir.

Essa exigência impulsiona as empresas a trabalharem especificamente na last mile, que é justamente onde já vimos que é possível fidelizar um cliente, seja por um ótimo atendimento, seja por uma entrega ágil e antes do prazo, seja por ambos e mais um pouco.

Cuidar da last mile é cuidar da interface do transporte com a qual o cliente tem contato direto.

3 → Formas alternativas de entrega

O novo consumidor é exigente e imediatista, e para atendê-lo os embarcadores buscam novas formas de inovar as opções disponíveis para entregas.

Muito disso tem a ver com o futuro da logística e principalmente da last mile.

PUDOs – Pick up & Drop off

Se você mora em uma cidade grande, provavelmente já deve ter visto um Locker posicionado estrategicamente em algum bairro.

Esse é só um exemplo de um PUDO (Pick up & Drop off) utilizado para entregas.

Eles funcionam como pontos de coleta, retirada, troca ou ambos, para os clientes poderem interagir da forma que precisam com a encomenda, seja para devolução ou coleta. 

É um grande trunfo do e-commerce, pois diminui o índice de insucessos nas entregas das transportadoras por conta do cliente não estar em casa, os custos e de quebra deixa a experiência de troca mais simples e menos burocrática.

Esse sistema de entregas foi criado em 1983 na França, pela empresa Relais Colis.

Crowdshipping

A junção das palavras crowd (multidão) e shipping (entrega), o termo também é conhecido comumente como logística de multidão.

Nesse modelo, o entregador disponível mais próximo (e cadastrado no programa responsável por mediar isso), pode coletar e entregar a remessa, independente do meio utilizado, variando entre carro, bicicleta, moto ou até mesmo a pé.

A grande vantagem desse modelo é a redução drástica dos custos com transporte além de maximizar a velocidade da entrega, já que o entregador escolhido será aquele mais próximo entre o ponto de coleta e o de entrega.

Drones

Se um dia isso já foi sinônimo de utopia, não é mais. As entregas por drones já são uma realidade dentro da logística brasileira, ainda que esteja bem no começo.

Uma das grandes vantagens desse modelo de entrega é o atendimento ao same day delivery, por não precisar passar por trânsito e rotas de alto risco e ainda poder ser completamente monitorado.

Custos com transporte também são reduzidos. 

Atualmente há um projeto com em fase de testes, da empresa XMobots, para voos experimentais em uma aeronave não tripulada que pode carregar até 41 kg de mercadorias e percorrer até 1.000 km, perfeito para entregas no interior do país.

A Anac – Agência Nacional de Aviação Civil já aprovou o projeto.

4 → Principais desafios 

Imprevistos na entrega 

Mesmo que sua equipe planeje a rota ideal para uma entrega, isso não impede que circunstâncias diversas como trânsito, más condições das vias, mau tempo, obras nas pistas ou falta de motoristas atrapalhem.

São coisas que não podem ser evitadas pela sua empresa, mas podem sim ser contornadas.

O uso de um roteirizador aqui volta a ser algo de grande importância, pois geralmente esse sistema tem dados em tempo real sobre vários desses aspectos mencionados acima, readaptando uma rota quando necessário.

Monitoramento em tempo real 

Melhorar o processo de monitoramento em tempo real é um dos desafios da last mile. 

Isso porque o cliente hoje em dia não se contenta apenas com um número de rastreio em mãos.

Ele quer ver o trajeto atualizado minuto a minuto, quer saber quanto tempo falta para que a entrega seja feita, quer literalmente monitorar o produto pelo qual pagou.

Embora seja um desafio alcançar essa melhoria, também é uma vantagem para ambos os lados, porque é estabelecida uma comunicação entre o cliente final e o entregador, assim, evitamos desencontros e conflitos de dados e informações fornecidos.

Segurança 

De acordo com os dados fornecidos pela Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística, em 2020 foram registrados mais de 14 mil roubos de cargas, muitas tendo ocorrido na última milha de entrega. 

Em números, podemos traduzir esses dados para um prejuízo de 1,2 bilhões de reais.

Além disso, outros fatores durante o transporte podem prejudicar a chegada da mercadoria, é o caso dos extravios, que embora não se caracterizem como roubos, ainda fazem parte da segurança das entregas, bem como o cuidado com o produto para que o mesmo não se danifique enquanto é transportado.

De 2019 para cá, houve uma redução de 23% nos roubos de cargas, mas ainda é preocupante.

Danos ao meio ambiente

De acordo com um estudo promovido pelo Fórum Econômico Mundial, nos próximos 10 anos as entregas last mile terão um aumento de 30%, seguindo o aumento constante de compradores online.

Se tratando exclusivamente das áreas urbanas, estima-se que as demandas por entregas na last mile aumentarão em até 78% até 2030.

Isso quer dizer que em no máximo 8 anos teremos um aumento anual de 25 milhões de toneladas de dióxido de carbono sendo emitido na atmosfera e um aumento de 21% do trânsito nas grandes cidades.

Embora seja uma realidade complexa e que precise de tempo para ser mudada, há sim alternativas para que a logística impeça esse avanço da poluição.

O conceito de ESG, aliado à logística reversa, já tem ajudado.

Outra forma de contribuir para a diminuição da poluição, é a adoção de veículos que não dependam de combustível para rodar, como carros elétricos ou híbridos, drones e robôs de entregas.

5 → Como otimizar o Last Mile 

Planejar a entrega 

É preciso antes de mais nada tornar as entregas algo planejado e pautado através de regras pré-definidas, regras essas baseadas em dados que devem ser analisados constantemente.

A integração de sistemas de gerenciamento como por exemplo um WMS em conjunto com um TMS e um roteirizador disponível, facilita e agiliza bastante esse planejamento que usará os indicadores fornecidos por esses sistemas para compor a estratégica de entregas.

Investir em tecnologia 

Nós sempre falamos aqui no Blog sobre o quão importante para a logística é investir em tecnologia.

No caso da last mile, isso não se refere apenas aos roteirizadores, mas a todo tipo de tecnologia que possa auxiliar no controle e na visibilidade das remessas.

Ter um sistema que também auxilie na emissão e na análise dos indicadores gerados, economiza tempo e ajuda muito a ter uma visão mais assertiva.

Não é uma ferramenta certeira para isso, visto que muitas delas podem desempenhar esse papel de formas distintas.

É o caso do TMS que fornece insights da sua frota e ajuda no gerenciamento dos veículos (e em alguns casos, do planejamento de rotas, embora não seja o foco desse tipo de ferramenta).

Softwares de BI (Business Intelligence) também são muito requisitados nessas horas, por permitirem que os gestores extraiam insights valiosos sobre a rotina de suas operações.

Apostar em agendamento de entrega 

O agendamento de entregas pode ser de grande ajuda no desafio logístico diário que é a last mile.

Você pode começar testando com pedidos que sejam mais próximos do seu centro de distribuição e ir avaliando periodicamente o sucesso dessa estratégia.

Quando falamos em avaliar, também estamos nos referindo ao contato com o cliente, cujo feedback é um dos mais, se não o mais importante indicador sobre o quão eficiente ou não o agendamento de entregas feito por sua empresa está sendo.

O agendamento de entregas pode contribuir também para a melhoria de planejamento de rotas, de acordo com os horários em que os clientes estão disponíveis.

Ter mais opções de fornecedores uma malha de distribuição

Essa é uma das mais simples, mas também uma dica que ainda passa batida por diversas empresas.

Nunca dependa apenas de um fornecedor.

Ficar refém de um único fornecedor é jogar com a sorte em um cenário que não permite erros. 

Ao invés disso, tenha uma rede de parceiros que possam não apenas suprir suas necessidades nos casos em que elas se façam presentes, como também possam contribuir para diversificar suas opções de entregas .

Ampliar também sua quantidade de transportadoras e centros de distribuição, assim, além de poder diversificar suas entregas, o tempo investido para a realização delas é drasticamente diminuído, caso os centros de distribuição estejam estrategicamente espalhados.

Optar por formas alternativas de entrega

Quando sua empresa se limita a uma única opção de entrega, automaticamente ela também limita as opções e a impacta diretamente na experiência do seu cliente.

Caso suas opções de distribuição e fornecimento sejam amplas, não há motivos para não ampliar as alternativas de entregas e deixar o poder de escolha nas mãos do cliente. 

Da mesma forma, ter também mais opções de veículos para fazer suas entregas, embora não seja algo definido pelo cliente, é de grande ajuda.

Isso fornece à empresa uma maior variedade de como realizar entregas que precisam de uma cubagem específica, além de adaptar as entregas aos veículos mais adequados e evitar assim desperdícios de automóveis que podem ser requisitados em entregas mais adequadas ao veículo.

Utilizar um YMS para a gestão de pátio

A utilização de um YMS no pátio é benéfica não só para essa parte (o pátio logístico) em particular, como também para todo o fluxo logístico, terminando na last mile.

Vale lembrar que em muitos casos, a gestão de pátio contribui com a last mile para a eficiência do transporte de distribuição, pois a mesma ponte que é feita entre o armazém e o pátio, ocorre do pátio para o transporte que irá para a rota de entrega.

Aqui, o uso de um YMS como o Trackage Maestro melhora a performance dessa etapa do processo logístico, contribuindo ainda mais para a economia de tempo para efetuar a entrega.

Tudo isso resulta em uma experiência livre de dores de cabeça por problemas que poderiam aparecer desde a etapa de abastecimento do estoque até a última milha da entrega.


A Last Mile no Brasil é de extrema importância, ainda mais para empresas que já se firmaram no e-commerce.

Só em 2021, o e-commerce brasileiro teve um aumento de faturamento de 48,4%.

Se formos traduzir em números, isso significa nada menos que 161 bilhões de reais.

Não parando por aí, a estimativa é que até 2025, só na last mile nós alcancemos 1,7 bilhões de dólares.

Esses dados deixam mais do que claro que a last mile é, sem dúvidas, a etapa mais importante do ciclo logístico e se bem cuidada, pode gerar frutos que colheremos logo, logo.

É a tecnologia aliada à adaptação do mercado para o cliente atual.