Logística como vantagem competitiva no varejo

logística como vantagem competitiva no varejo
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Dentro da logística, existem vários segmentos que podem utilizá-la como uma vantagem para se destacar entre tantos concorrentes no mercado.

O tamanho do seu negócio, a quantidade de dinheiro disponível e o número de clientes atendidos, nada disso fará diferença se a logística não for bem aplicada.

Por isso, iniciaremos aqui uma série de artigos ilustrando a logística como vantagem competitiva, começando hoje, pelo varejo.


1 → O que é e como funciona a logística no varejo?

A logística, como já vimos de um jeito mais detalhado neste artigo, garante que a chegada de um produto até seu ponto final seja efetuada sem problemas e com o máximo de eficiência possível em todas suas etapas, desde a manufatura até o transporte da carga.

Agora, você já se perguntou que influência ela tem sobre o varejo?

Antes de tudo, é bom definirmos o que é o varejo.

Varejo são as vendas em menor quantidade e direto ao consumidor final, sem intermediários.

Por exemplo, uma papelaria, seja de uma grande franquia ou de um proprietário em uma cidadezinha pequenina, compartilham do mesmo modelo de vendas chamado varejo. 

Eles vendem os produtos individualmente para o comprador final, ao contrário da compra de atacado que é feita em grandes quantidades e volumes.

Enquanto os fornecedores geralmente fazem a venda por atacado para os varejistas, esses últimos fazem a venda de varejo para pessoas como eu e você, que precisam de um simples produto sem precisar apelar para  grandes volumes.

Agora sim, depois de entendermos o conceito e as principais diferenças entre o modelo de atacado e o de varejo, vamos ao que interessa.

Como é que funciona a logística no varejo?

Dentro do comércio varejista a logística atua de forma parecida com o que já vimos antes,  a diferença é que aqui o consumidor final será afetado de forma direta.

Isso acontece porque a logística de varejo é o que garante que o produto depois de passar por todos os processos operacionais, chegará na loja de sua preferência, ficando disponível para sua compra.

Então quer dizer que a logística é só o transporte?

Na verdade, a logística é toda a cadeia de processos e abastecimento que ocorre até que o produto esteja nas suas mãos.

E quando falamos em abastecimento, logo nos vem à mente o estoque

Pois é, a armazenagem também é uma importante parte da logística, inclusive no varejo, pois o um estoque com buracos vai deixar faltar coisas na venda final, e o estoque excedente também afetará o comércio, pois isso gera custos ao lojista.

Agora que ficou claro a participação da logística dentro do varejo, vamos aprofundar mais um pouco e ver quais as influências dela nesse modelo de venda e o que ela pode fazer para colocar um comércio à frente dos concorrentes.

2 → Velocidade como diferencial competitivo

Quando o assunto é logística muito se fala sobre a velocidade e o quanto isso define o seu sucesso frente aos concorrentes.

Vamos falar sobre essa velocidade e o valor competitivo que ela tem no varejo. Começando pela estratégia de distribuição da mercadoria.

Por exemplo, foi feita uma pesquisa pela SalesForce com mais de 20.000 consumidores em 10 países.

Nessa pesquisa, perceberam que entre 2019 e 2021, embora as transações em lojas físicas tenham diminuído 27%, 82% dos 23 milhões arrecadados em vendas foram concluídos em lojas físicas, mesmo quando a compra se iniciou pela loja online.

É estranho imaginar isso em pleno 2022, onde o conforto e a comodidade de receber tudo nas mãos parece ter tomado conta de tudo? Talvez nem tanto.

Veja só, se analisarmos do ponto de vista prático, vivemos em um país de proporções continentais, onde muitos são os lugares que transportadoras e correios não chegam, seja por más condições de tráfego, seja por um grau elevado de risco de roubo de cargas.

Esses clientes serão simplesmente ignorados? Obviamente não. É aí que ter lojas físicas em pontos estratégicos da região, faz toda a diferença para quem precisa.

Uma loja que possui um atendimento e ponto de retirada físico, mas que também realiza entregas por compras onlines, tem um varejo bem mais completo comparado à concorrência e agiliza o que falamos nesse tópico: a velocidade, já que tendo mais opções de entrega, mais prático e confortável se torna a compra para o cliente.

É a experiência de compra do consumidor fazendo total diferença até mesmo para fidelizar esse cliente.

E a tecnologia? Onde entra nisso?

A tecnologia tem influência direta na agilidade de toda a cadeia logística.

E isso não é por conta de um ou outro software específico de logística. Todo o uso de sistemas logísticos acabam agilizando todo o processo.

Se sua empresa utiliza um WMS, seu estoque será automatizado e o risco de perdas de produtos, erros de informações, atrasos no despacho, tudo tem o tempo de operações muito reduzido.

No pátio, o mesmo acontece com o uso de um YMS como o Maestro

A velocidade nos agendamentos de carga e descarga, alinhadas ao fato de que não existem filas de caminhões em uma gestão que utiliza esse sistema, torna a transição do centro de distribuição para a etapa de transporte, muito mais rápida.

3 → Flexibilidade

A Flexibilidade quer dizer adaptação.

Na logística, devemos levar isso ao pé da letra, pois a todo momento o costume do comprador muda, a todo momento novas tendências são lançadas e os hábitos de compra e procura do consumidor mudam.

Um exemplo disso foi citado aqui mesmo neste artigo, quando falamos que mais da metade dos clientes entrevistados na pesquisa, preferem retirar o produto.

Antes da internet ser acessível a todos, a compra e retirada em lojas físicas era algo comum e desejado pela maioria das pessoas.

Com a chegada da internet na casa dos consumidores e o surgimento do e-commerce, o jogo inverteu e durante um tempo, nem era passível de discussão perguntarmos o que as pessoas preferiam, já que era muito mais cômodo para elas receber o produto em casa.

Agora voltamos à necessidade de termos as duas opções e um poder de escolha maior ao procurarmos um produto.

Percebe como o comércio e a distribuição mudam constantemente? A logística não existe sem demandas e as demandas sempre irão mudar de acordo com aquilo que o consumidor mais precisar, seja conforto, custo-benefício ou qualidade.

É por isso que sempre batemos na tecla de que o auxílio tecnológico dentro da logística sempre deve ser levado em conta.

O uso integrado de sistemas de gestão é um investimento com retorno certo, já que ajuda na economia, garante qualidade de entrega e automaticamente aumenta o domínio da sua marca no mercado.

Logística elástica

Uma estratégia que tem sido adotada por muitos gestores logísticos no varejo, é a logística elástica.

A logística elástica é quando as empresas precisam restringir ou expandir sua capacidade de estoque de acordo com as demandas, também tendo como foco melhorar a eficiência na sua linha de produção.

Nesse tipo de logística, ter indicadores que apontem os volumes reais dos produtos e materiais em estoque, sem erros, é a chave para dar certo, pois a logística elástica trabalha com a demanda real e não apenas com uma estimativa.

O uso de um WMS nesse caso faz total diferença. Como já vimos aqui no blog, uma das grandes vantagens desse sistema é que ele permite ter informações precisas sobre o estoque real, dando ao gestor mais segurança ao tomar decisões que possam afetar diretamente a logística da empresa.

4 → Integração entre canais

Uma coisa que pouco se fala nesse mundo tecnológico que envolve a logística 4.0, é que também não há como substituir por completo determinadas coisas que só são eficientes com a intervenção humana.

Quando falamos sobre integração, existem duas questões para levar em conta: a integração tecnológica e a integração entre as áreas.

De certa forma, as duas estão alinhadas, ou pelo menos deveriam.

Integrar ferramentas como um WMS, um YMS e um TMS, coloca sua empresa à frente das demais, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, não há o que discutir em relação a isso.

Porém, existe uma coisa que nenhuma ferramenta fará pela empresa: a comunicação.

E quando falamos em comunicação, é no sentido literal da palavra.

A interação entre departamentos e áreas que envolvem toda a cadeia logística é importantíssima para que inclusive a integração tecnológica seja aproveitada em seu grau máximo de eficiência.

Os dados fornecidos pelos softwares são o primeiro passo, mas o poder de decisão e o conhecimento sobre o que fazer com essas informações ainda é humano.

A tríade do varejo

Existem três áreas dentro de um comércio que devem estar alinhadas na forma de agir e principalmente sobre o entendimento do negócio: marketing, vendas e logística.

No dia a dia comercial, vender é o grande objetivo de todos, mas se a devida atenção não for dada ao contato que o pessoal de vendas tem com o de marketing e como os dois se integram com a logística, vai ser difícil fazer as coisas darem certo.

A comunicação entre as áreas deve ser feita baseada no entendimento que todos têm sobre o negócio e suas necessidades.

Isabela Midori Shibutani, Analista de Marketing que trabalhou por quase 10 anos no varejo B2B e B2C, viu na prática como a falta de interação entre as equipes impacta diretamente no resultado final.

Segundo ela, é comum uma estratégia de marketing ser feita com 24 campanhas anuais (em alguns casos, 12) e no meio do processo perceberem que a estratégia não se adequa à logística da empresa, seja por um abastecimento de estoque problemático, seja pela distribuição que precisa de melhorias ou outros problemas relacionados a esse setor.

Problemas que seriam encontrados antes se as áreas e os gestores delas tivessem uma comunicação mais acessível e alinhassem as estratégias de forma conjunta.

5 → Redução de custos

Música para os ouvidos de qualquer gestor, a redução de custos na logística de varejo, nesse caso, é consequência de uma estratégia bem feita.

Dentro do varejo, ela tem uma conexão bem forte com a logística elástica ou logística flexível, que citamos lá em cima.

Como a necessidade do negócio é o que controla a forma como ele é dirigido no varejo, não há como apontar um ou outro ponto específico e certeiro que irá reduzir drasticamente os custos, mas podemos mencionar alguns que fazem diferença em diversos comércios varejistas.

Centro de distribuição único

Ter um único local para distribuir as mercadorias reduz bastante o custo com o transporte.

Além disso, o prazo das entregas também é afetado positivamente, já que a linha de distribuição é única.

Veículos próprios

É claro que isso não é uma realidade obrigatória e universal.

Existem diferentes empresas de diferentes setores e diferentes tamanhos que podem possuir desde dois carros pequenos de transporte até uma frota inteira de caminhões.

Tudo vai depender da capacidade de manter isso e do negócio de cada um, mas ter veículos de entrega próprios reduz sim os gastos com o transporte e aumenta a qualidade do serviço, já que tanto a entrega, quanto o transporte dela até o cliente final, não serão responsabilidades de nenhum intermediário e sim da sua empresa.

Embalagem

Um outro ponto que pode ajudar a reduzir os custos no varejo, é ter uma boa estratégia de embalagem.

Pode parecer pequeno quando pensamos em produtos únicos, mas no comércio e distribuição, nada é único.

Sempre precisamos nos basear no custo total de uma grande quantidade de volumes.

Quanto menos volume e mais compacto for, menos será o gasto. Então ter uma estratégia para embalar produtos, na ponta do lápis, faz total diferença nos gastos e economia da empresa, já que os gastos, por exemplo, com papelão são enormes.

Poucas empresas têm uma boa gestão de produtos.

YMS

O uso do YMS também ajuda o varejista e atua com grande eficiência em uma parte importante para ele: na Last Mile (conhecida como última etapa da jornada do processo de transporte de um produto até o cliente final).

Essa etapa tem início a partir do momento que o cliente faz o pedido e efetua seu pagamento, pois seu ponto de partida é do centro de distribuição até encerrar a entrega para o consumidor.

Além de reduzir os custos de toda a operação logística como já falamos algumas vezes, com o auxílio de um YMS, a organização do pátio e os sistemas de agendamento de docas evitam as filas, eliminam os atrasos e automaticamente aceleraram a last mile, contribuindo para a rapidez da entrega para o cliente. 

6 → Gestão eficiente

Um ponto óbvio, mas que não podemos deixar de mencionar aqui, é a gestão logística como um todo.

Em vários artigos falamos que ser um gestor logístico é ter um bom entendimento do negócio e saber que decisões tomar, com o auxílio das ferramentas que tem nas mãos.

No varejo não é diferente, o gestor de cada área deve entender o empreendimento no qual ele trabalha e alinhar isso (como falamos mais acima, sobre a integração) com outros gestores para que essa cadeia logística seja eficiente e não sofra com problemas de última hora, que não são impossíveis de ocorrer, mas que podem ser resolvidos rapidamente se todos estão com suas estratégias alinhadas.

7 → Tecnologias para a logística no varejo

Por último, vale a pena falarmos sobre as tecnologias que podem auxiliar no comércio varejista.

O WMS como falamos antes, assim como em grandes centros de distribuição, no varejo também auxilia bastante no controle do estoque.

O uso de um ERP também pode facilitar a vida dos gestores, tanto por facilitar a integração entre outros softwares de gestão logística, quanto para tornar mais prático o controle em outros departamentos que um WMS e um YMS não interferem, como por exemplo, o financeiro.

No mercado, uma ferramenta ERP bem procurada por sua qualidade é a SAP, auxiliando bastante em diversos departamentos administrativos.


Como podemos ver, o comércio varejista embora em seu modelo de vendas, tenha diversas diferenças com o comércio atacado e em muitas vezes sua proporção também não seja a mesma, já que estamos falando de lojistas, ainda compartilha da mesma necessidade: uma boa estratégia logística.

Por isso, ter essa noção de que independente do negócio e seu modelo, manter eficiência na logística trará os melhores resultados lá na frente, já coloca você um passo à frente da concorrência.

Tudo isso, no fim das contas, é sobre tirar o melhor proveito da tecnologia e do entendimento humano sobre os negócios, usando a logística como vantagem competitiva.