A história da Logística: origem, evolução e cenário atual

A história da logística desde a antiguidade
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Você sabia que a logística não é uma novidade dessa década, desse século ou mesmo desse milênio?

Pois é, a história da logística é muito mais ampla do que achamos. 

A demorada evolução que nos levou a sair do pau e pedra até chegarmos em drones que monitoram armazéns e robótica avançada na movimentação de cargas, teve um início.

É o que você verá hoje nesse artigo.


A logística que conhecemos hoje em dia, principalmente com a chegada dos avanços tecnológicos na indústria 4.0, está obviamente muito à frente do que um dia foi.

E se dissermos pra você que ainda sim, muito antes de existirem maquinários, computadores ou conceitos mais complexos como Supply Chain, a logística se fazia presente lá atrás, com nossos antepassados?

Pois iremos falar um pouco sobre essa linha temporal e sobre como nasceu a logística. Começando é claro, pelo começo!

1 → O surgimento da logística em tempos distantes

Bom, já falamos aqui neste artigo do blog sobre a logística como conceito e tudo que a envolve.

Sendo assim, podemos defini-la como um conjunto de métodos utilizados para garantir que uma mercadoria seja entregue ao destino final e no tempo certo.

Isso envolve transporte, armazenagem e movimentação de mercadorias, citando logicamente, apenas as partes que mais chamam nossa atenção. Se nos aprofundarmos, existem muitos outros processos que compõem a logística.

Acontece que há milhares de anos, segundo as evidências histórias contam, a logística já se fazia presente no cotidiano do ser humano, mesmo que de forma simples e bruta. A história da logística data muito antes dos nossos antepassados mais distantes.

Primeiras técnicas de estocagem

Os especialistas estimam que há mais de dez mil anos, quando o ser humano teve seus primeiros contatos com a agricultura, a logística passou a ser utilizada, mesmo que eles não soubessem direito o que era.

A necessidade por sobrevivência passava a ditar as atividades primárias da logística.

Veja bem, estamos falando de uma época em que o clima era diferente do que temos hoje, uma época que eventos climáticos como efeito estufa, e mesmo os que não ocorreram por ação do homem, não existiam.

Invernos rigorosos e escassez de recursos que garantiam a sobrevivência de grupos inteiros eram coisas comuns de ocorrerem. 

Com o surgimento da agricultura, veio logo a necessidade de estocar os recursos naturais produzidos na colheita.

Tivemos assim os primeiros – e rústicos – métodos de armazenamento, o que provocava também uma segunda mudança: a migração dos povos nômades.

Sem ter o que comer ou o que vestir, o deslocamento de povos ocorria em direção às áreas que garantiam subsídios para sua sobrevivência, assim como condições ideais de guardar alimentos para futuras épocas difíceis.

Início do transporte

Um pouco mais à frente, temos registros da utilização de madeira (troncos puros) para a locomoção marítima nas atividades pesqueiras.

Com ainda mais exatidão, os registros históricos mostram que na metade do século IV, tivemos o surgimento da roda e daí pra frente, todos os primeiros transportes terrestres.

Agora que os veículos (tanto os navais, quanto os terrestres) estavam em curso, era uma questão de tempo até que surgissem novas necessidades.

Com carruagens e barcos se encarregando do transporte de alimentos e outros recursos entre locais distantes para venda e compra, começaram a surgir métodos para criação de rotas comerciais. Isso ficou conhecido como cartografia.


Você sabia?

A cartografia é um conjunto de técnicas científicas usadas para calcular, analisar e mensurar áreas geográficas para a construção de mapas.

É visto por muitos não apenas como uma ciência embasada, mas também como uma arte.

Imagine em uma época onde GPS e conceitos modernos como Radiofrequência não faziam parte nem mesmo do sonho mais distante do ser humano.

Pois é, o trabalho era feito totalmente de forma manual e ajudou a humanidade a evoluir técnicas de roteirização para o desenvolvimento do comércio entre povos. 

Para se ter ideia, segundo historiadores, o mapa mais antigo que se tem registro tem em torno de 4.500 anos, tendo sido feito provavelmente pelos babilônicos em uma placa de argila, representando o que acreditam ser o vale do Rio Eufrates.


A transformação da logística em tempos de guerra

Foi no cenário bélico que a logística teve, de fato, seus primeiros avanços e passou a ser conhecida como é hoje em dia: uma parte indispensável no manuseio de recursos.

Na primeira grande guerra (1914 – 1918), começavam a entender que a logística podia ser aplicada na distribuição de armamentos, estocagem de alimentos e recursos, além do mapeamento dos locais por onde as tropas deveriam passar.

Daí em diante, passaram a ver a logística não só como um meio de administrar e distribuir, mas também uma ciência estratégica que poderia ajudar a vencer conflitos.

Com o fim da segunda guerra mundial (1945), foi que a logística deixou de ser referência para estratégias militares apenas, e passou a integrar a parte comercial da sociedade.

2 → As fases da logística

Se hoje temos a comodidade de fazermos uma compra na internet e já termos o produto entregue em nossa casa no dia seguinte, ou em alguns casos no mesmo dia, saiba que nem sempre foi assim.

A logística empresarial, como conhecemos hoje,  que garante o sucesso dessas entregas, veio com o fim da última grande guerra, mas precisou passar por algumas fases antes de se encontrar no ponto atual.

1ª Fase – Distribuição na pós guerra

Uma fase que durou até meados dos anos 60, tinha como maior objetivo criar canais de distribuição para que as mercadorias pudessem chegar aos clientes sem grandes riscos.

Isso porque a preocupação da indústria até então, nunca foi diretamente a satisfação do cliente, e sim maximizar a eficiência da produção.

Após o término da guerra, houve uma necessidade urgente de reconstruir as economias devastadas e fornecer ajuda humanitária para as áreas afetadas pelo conflito.

Uma das principais iniciativas logísticas nesse período foi o Plano Marshall, implementado pelos Estados Unidos para ajudar na reconstrução da Europa.

Esse plano envolveu a distribuição maciça de recursos financeiros e materiais para ajudar os países afetados pela guerra a se recuperarem. A logística desempenhou um papel central na coordenação e transporte desses recursos para as áreas necessitadas.
A implantação do plano ocorreu entre os anos de 1948 e 1951, durante o governo Truman, seguindo as orientações do seu idealizador, o general George Marshall, secretário de Estado.

Todo o controle de qualidade e o investimento em melhorias, estava focado apenas nas operações de produção, como fábricas, o que deixava a qualidade das entregas sem nenhuma grande atenção.

Como resultado, a procura pelas transportadoras tinha um único parâmetro: preços baixos.

2ª Fase – O comércio começa a variar

A partir da década de 70, a diversidade de produtos aumentou. 

Enquanto antes nós tínhamos produtos sempre com as mesmas cores e estruturas, daqui em diante a variedade seria maior e, consequentemente, a concorrência seria ainda mais acirrada.

Foi quando a indústria percebeu que o modelo operacional de antes já não tinha muito espaço no comércio atual. 

Isso aconteceu porque o impacto caiu diretamente sobre os estoques das indústrias. 

Pense bem, se com uma variedade maior de produtos, temos um aumento de demandas por parte dos clientes que ficam interessados em outros tipos de mercadorias, o estoque que antes era gerido de forma manual, começou a sofrer pela falta de produtos e buscar por soluções que deixassem o processo mas rápido, além de reduzir custos que ficaram bem maiores com a alta rotatividade de produtos.

Setores sem comunicação uns com os outros e operações que não conversavam, tudo isso mudou quando a indústria percebeu que fazendo uma integração entre as diferentes partes da gestão logística, poderiam controlar os problemas no estoque e evitar gastos.

Devemos lembrar que nessa época o mundo sentia o impacto da crise do petróleo e o transporte foi muito afetado, fazendo uma espécie de reação em cadeia de grandes gastos até explodir no estoque.

Aqui também começa (a passos lentos) a introdução da computação na área industrial, que anos mais tarde tomaria seu lugar fixo em todas as áreas da logística.

3ª Fase – A tecnologia se expande e a relação com o cliente se estreita

Com a chegada dos anos 80, aquela integração tímida entre as áreas da logística de uma indústria passou a ser funcional.

Ainda que tivesse falhas e as etapas da logística não tivessem uma comunicação completa, já era muito mais eficiente do que na década passada, e isso ficou ainda mais evidente com o avanço da computação. 

Tínhamos agora o uso do EDI (sigla em inglês para Intercâmbio Eletrônico de Dados), uma tecnologia usada até hoje (aprimorada, é claro), que tem como objetivo padronizar e melhorar a troca de informações entre sistemas.

Essa década foi marcada pelo surgimento dos primeiros sistemas de rastreamento e rastreamento de remessas.

Isso proporcionou maior visibilidade e transparência na cadeia de suprimentos, além de permitir uma melhor gestão de expectativas dos clientes em relação aos prazos de entrega.

A expansão da tecnologia também facilitou uma maior interação entre as empresas e os clientes.

As empresas começaram a utilizar call centers e sistemas de atendimento ao cliente para lidar com consultas, reclamações e solicitações relacionadas à logística. Isso permitiu uma comunicação mais direta e eficaz, ajudando a resolver problemas rapidamente e a melhorar a experiência do cliente.

A aplicação do EDI no transporte de cargas foi fundamental, pois como ele padroniza o modo como os dados serão transmitidos (através de um acordo entre embarcador e transportadora), o envio e o recebimento de dados entre os parceiros do negócio se tornou muito mais rápido e prático.

Além disso, surgiram agora os códigos de barra, que seriam usados por muito tempo até que chegassem novas tecnologias.

Por fim, a terceira fase marcou a atenção especial ao cliente como um forte ponto. Se ali nas duas primeiras fases o cliente era o último a ter sua opinião levada em conta, já que a preocupação com a produção e o estoque eram fatores determinantes, agora as empresas entendiam que não adiantava ter eficiência operacional se o cliente não saísse satisfeito.

O serviço ao cliente começa a se popularizar e aqui, apenas preços baixos não são a única prioridade do cliente. 

A qualidade começa a entrar em pauta na hora de buscar produtos no mercado.

Encantar o cliente deixa de ser uma opção e passa a ser uma obrigação aos olhos das empresas.

4ª Fase – Supply Chain e integração

Finalmente chegamos no contexto atual. A quarta fase da logística se caracteriza pela compreensão e adequação do conceito de supply chain como uma grande vantagem competitiva.

Em todas as fases anteriores, diferentes áreas da logística foram tratadas com atenção e máxima urgência.

Primeiro o estoque, quando ele melhorou tivemos o transporte e logo mais o aprimoramento da gestão de produção das indústrias.

Talvez em uma área sem concorrência, isso bastaria, mas estamos falando da logística, uma área cada vez mais competitiva e aproveitada em diversas outras áreas, até na militar, como já vimos.

Então, o que mais faltava? Conhecer a logística não mais como um quadro geral, e sim como um pedaço desse quadro, que recebe o nome de cadeia de suprimentos.

E quando essa compreensão veio à tona, o avanço da tecnologia serviu como tapete de entrada para a chegada de todos aqueles auxílios digitais que temos hoje em dia, como os Management Systems.

Uma das principais impulsionadoras dessa fase foi a necessidade de as empresas se tornarem mais competitivas em um ambiente globalizado e altamente competitivo.

Além disso, a quarta fase foi marcada pelo aumento da terceirização e do uso de parcerias estratégicas.

As empresas passaram a contar com a colaboração de fornecedores, distribuidores e prestadores de serviços logísticos para otimizar as operações e obter vantagem competitiva. A integração entre os parceiros de negócios tornou-se essencial para o compartilhamento de informações, planejamento conjunto e implementação de práticas logísticas eficientes.

Outro aspecto importante foi o foco crescente na sustentabilidade e na responsabilidade social corporativa.

As empresas começaram a considerar os impactos ambientais e sociais de suas operações logísticas e a buscar práticas mais sustentáveis, como o uso de embalagens recicláveis, o transporte eficiente de mercadorias e a redução do desperdício.

Agora sim, a integração entre todas as partes da logística começou a ser bem aplicada.

O estoque não mais trabalhava quase isolado, agora sua comunicação com o transporte e com a gestão de pátio passava a ser constante. 

Os elos da corrente do supply chain se uniram, dando origem ao que conhecemos hoje como Logística 4.0, um modelo de logística que anda lado a lado com a tecnologia e não se limita mais ao uso individual da tecnologia da informação em cada área.

Um exemplo de como a tecnologia hoje age direto nessa integração é o uso de YMS, TMS, WMS e outros Management Systems juntos, integrados em uma mesma ferramenta (ERP) e automatizando todo o processo.

Nessa fase temos o surgimento de conceitos e práticas que fazem total diferença na logística atual:

  • terceirização de serviços (transporte e estoque, principalmente);
  • surgimento da Logística Reversa.

3 → A logística e o supply chain

Já que falamos tanto da cadeia de suprimentos como principal diferença no sucesso da gestão logística nos tempos atuais, que tal lembrarmos o que é, de fato, a cadeia de suprimentos e quais suas características?

A Supply Chain ou Cadeia de Suprimentos, consiste em todas as partes envolvidas – direta ou indiretamente – na confecção de um produto, até sua chegada nas mãos do cliente.

Enquanto a logística tem um foco maior no transporte e tudo atrelado a ele, incluindo documentação, armazenamento, estocagem e distribuição, a supply chain envolve tanto os processos que antecedem a logística quanto os posteriores a ela.

Na Supply Chain, a visão se torna bem mais ampla, pois inicia-se desde o recolhimento da matéria prima lá atrás com os fornecedores, passando pela logística e tudo que a compõe, e se estendendo até o relacionamento com os clientes. 

É como se a logística fosse o elo de uma corrente, fazendo com que diferentes fases se conectem e a atuem em conjunto, enquanto a Supply Chain é a corrente como um todo, o fluxo de uma ponta à outra.

4 → Os avanços tecnológicos da logística 4.0

Chegamos finalmente à logística 4.0 e todo o seu avanço.

O termo Logística 4.0 surgiu na quarta revolução industrial, a era da informação e dos dados conectados.

A digitalização de todos os processos que fazem parte da logística, trouxe facilitadores em várias etapas, desde a produção, estocagem e gestão de pátio, até chegar no transporte e nos serviços de pós-venda (a novidade dessa fase atual da logística, que visa encantar e fidelizar o cliente).

E de que facilitadores estamos falando, afinal?

YMS

O YMS, ou como é conhecido no Brasil, Sistema de Gestão de Pátio, é uma ferramenta usada por gestores para monitorar e controlar todas as operações e atividades que ocorrem dentro do pátio.

O gerenciamento das docas, a portaria, o direcionamento dos veículos dentro do pátio, absolutamente tudo que ocorre dentro desse espaço é monitorado e registrado pelo sistema, dando ao gestor um controle e uma visibilidade sobre todas as suas operações e dando a ele um poder de decisão mais claro, baseado em dados.

WMS

O WMS é um Management System, ou MS, como costumamos chamar dentro da logística, voltado para a administração de estoques.

A sigla em inglês para Warehouse Management System, em tradução livre, podemos chamar de Sistema de Gestão de Armazém.

Tendo um impacto direto na cadeia de suprimentos, esse sistema otimiza e integra todos os processos internos relacionados à armazenagem dos centros de distribuição.

TMS

Podemos definir o TMS como o software de gestão e organização dos transportes, suprindo todas as necessidades associadas a eles.

Além do TMS gerenciar a frota de veículos, ele também te dá o controle de informações importantes relacionadas ao transporte, como: 

  • fretes;
  • gestão de despacho;
  • entregas;
  • rastreamento de cargas;
  • custos.

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A emissão de documentos necessários para o transporte de cargas, como CTe e MDFe também é feita por ele.

No TMS geralmente temos dashboards que possibilitam o monitoramento de todo tipo de informação relacionada ao transporte de cargas.

ERP

Com o uso de um ERP, você pode ter um controle e uma visão muito mais clara de tudo que ocorre dentro da sua empresa e consequentemente, dentro da logística de suas operações.

Toda essa coleta de informações é reunida em um mesmo local, de forma centralizada, facilitando a troca de informações e gerando análises de forma automatizada e mais eficiente.

Ele organiza toda a rotina de trabalho de uma empresa e registra dados referentes a funcionários, clientes, fornecedores, produtos, impostos, compras, vendas, entre vários outros.

Essa integração entre várias áreas facilita a tomada de decisão e torna muito mais prático e rápido localizar dados necessários para aquele momento específico.

5 → A Logística e o e-commerce

Com a chegada da quarta fase da logística, também surgiu o atual modelo mais popular de comércio: o eletrônico.

Também chamado de e-commerce, ele ganhou todos os consumidores com a praticidade de poder fazer uma compra ainda sem sair da cama de manhã e recebê-la de tarde em sua casa.

Agilidade, eficiência, bom atendimento, são coisas que obviamente ilustram bem o que mais chama a atenção do cliente, além é claro, dos preços geralmente serem mais baixos do que em lojas físicas.

Só que tem algo ainda mais importante, que vem antes mesmo de todas essas coisas citadas acima e é a chave para o sucesso do e-commerce.

Planejamento

Se pudéssemos achar um sinônimo para logística, com certeza seria planejamento.

Ter um planejamento bem definido evita dores de cabeça em qualquer setor. E uma prova de que essa dor está na cabeça da maioria dos profissionais que atuam na área, é uma pesquisa realizada pela Omni envios, em parceria com a E-commerce Brasil.

Na pesquisa feita, 72% dos participantes apontaram a logística como principal preocupação, um sinal claro de que investir na logística como planejamento, impacta diretamente na sua empresa.

Principalmente em uma era onde não há mais espaço ou tempo para erros.


A logística está aí desde que o mundo é mundo. No transporte de cargas, no estoque de alimentos, na necessidade de sobreviver em um mundo inóspito em uma época sem auxílios tecnológicos.

Ela sempre esteve na nossa cultura e só precisou de tempo para chegar onde chegou.

Podemos dizer que estamos na melhor era da logística? 

Talvez sim, talvez não. 

Ao menos se continuarmos evoluindo nessa velocidade, é muito provável presenciarmos coisas ainda mais fantásticas dentro da logística e da tecnologia em um futuro próximo.